Joshua Benoliel (1873—1932)

Embarque do Corpo Expedicionário Português para a Flandres, Cais de Santa Apolónia, Lisboa. Foto: Joshua Benoliel, 1917


O pioneiro da foto-reportagem em Portugal.

Nasceu em 1873, no seio de uma família judaica estabelecida em Cabo Verde. Vê a sua primeira foto publicada na revista “Tiro Civil” no ano de 1899, com a qual colabora ainda como amador, uma vez que se julga que por essa altura seria ainda despachante alfandegário.
É nas primeiras duas décadas do século XX que o seu trabalho se faz notar. Primeiro num acompanhamento da Casa Real, transformando-se mesmo em fotógrafo oficial das várias viagens da causa monárquica.
Causa de que era verdadeiramente apoiante, embora á pergunta: És monárquico ou republicano?, respondesse sempre da mesma forma: «Sou fotógrafo.»
Benoliel colabora com o Jornal 0 Século de 1906 a 1918 e de 1924 até à sua morte e é aqui que atinge verdadeiramente a sua notoriedade. Em tudo o que era acontecimento lá estava Benoliel, procurando sempre mostrar o acontecimento tal como aconteceu.
Preparava com muito cuidado todas as suas reportagens e para isso contribuía toda a sua informação, a si nenhuma porta se fechava. Ele sabia minuciosamente tudo o que ia acontecer, como e quando. Foi sempre claramente prejudicado pela fama de ser um favorecido do regime monárquico, mas nem por sombras se viu incomodado por tal.
Era uma pessoa que sabia comunicar com o povo e perante alguma dificuldade sabia gritar: É para O Século!
Nascido em Lisboa, em 1873, Joshua Benoliel captou alguns dos momentos mais marcantes da história do início do século XX: do assassinato do rei Carlos, em 1908, à participação portuguesa na Guerra de 1914-18, passando pela implantação da República, em 1910, e pela “revolução” de Sidónio Pais, em 1917.
Membro activo da comunidade judaica de Lisboa e frequentador assíduo da sinagoga Shaaré Tikvá (Portas da Esperança), Joshua Benoliel deixou transparecer na sua obra um fascínio por Lisboa.
Sobre esta faceta de Benoliel conta José Pedro de Aboim Borges: “Sente-se o amor que este homem tinha pela sua cidade e pelas suas gentes, a facilidade com que deambulava pelas ruas mais esconsas, testemunhando a precaridade das situações sociais, numa atitude próxima dos americanos Riis e Hine. É uma postura mais íntima, mais ‘fado’, mais humana.”
Quando o jornalismo português recuperava o atraso que levava em relação à onda de modernização que varria o mundo – numa altura em que a própria Fotografia em Portugal era ainda embrionária – Joshua Benoliel transforma-se no primeiro repórter fotográfico português, produzindo milhares declichés para inúmeras publicações nacionais e estrangeiras.
De entre todas destaca-se a revista Ilustração Portuguesa, que chegou a atingir uma tiragem de 24.ooo exemplares em 1908, notável num país que na altura tinha cerca de 5 milhões de habitantes e uma taxa de analfabetismo na ordem dos 80%...

fonte: http://www.tipografos.net/fotografia/benoliel.html

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